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Separação X Superação

A vida não é feita de separações, mas, de superações.
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Eu casei muito cedo, tinha 20 anos, estava grávida, mas amava estudar e para trabalhar tinha sangue nos olhos.
Fiquei viúva 1 ano depois e achava que dar a volta por cima era uma necessidade.
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Achava que com uma casa e uma piscina em casa, poderia fazer magia, tipo transformar água em vinho, assim ganhar dinheiro, colocar minha filha em uma das escolas mais caras da cidade, que era onde eu tinha estudado a vida toda, até que caí em mim, que nada era tão fácil assim.
Quando fui matricular ela na escola quase caí para trás, era mais que eu ganhava em 1 mês, desisti e coloquei em uma escolinha que custava 10% da escola da minha vida toda.
Logo que fui morar sozinha, cortaram minha luz, nem me ligava que tinha que pagar contas todo mês, sempre achava que as empresas eram impacientes e podiam esperar mais um dia.
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Minha casa era bem bonitinha, mas, tive que praticamente destruí-la para poder montar minha academia de ginástica e aos poucos eu e minha filha fomos nos espremendo em um cômodo. Dura, trabalhando cerca de 16 horas por dia, sem perspectivas, arrumei um socio.
Aí a coisa descambou de vez. Fizemos uma piscina gigante, meu pagamento foi um apartamento, para poder acabar de destruir a casa, mas, piscina pronta, percebemos que a estrutura de sustentação do primeiro andar, não suportaria o peso, resumindo... negocio desfeito, perdi o apartamento, fiquei devendo um rim pra pagar a piscina e não sabia o que fazer. Dependi de morar na casa da minha ex-sogra na época, que foi uma mãe pra mim.
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Eu tinha 10 funcionários e cerca de 400 alunos. Naquela época, ainda não me diferenciava como deveria e meu negócio era visto como "mais um" pelos clientes.

Muitos deles atrasavam para pagar as mensalidades, desistiam e vivíamos no limite. Quase todo mês, nosso gasto (pequeno) era maior do que a receita (menor ainda) e vivíamos vendendo o almoço para comprar a janta.
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Entrei no segundo casamento e logo engravidei da segunda filha.
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E foi aí que a coisa começou a desandar.
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Ele me apoiava muito no começo. Investia seu tempo, sua mão de obra, éramos dois em uma mesma luta, e tentávamos superar as dificuldades com bom humor. Eu virava noites trabalhando,criando coreografias, estudando técnicas e estrategias de marketing. E ligando pro bankfone na esperança de não bater nenhum cheque sem fundos.
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Com o tempo, a nossa energia foi sumindo. Eu já não aguentava trabalhar tanto, já não aguentava mais pagar a tal piscina, estar devendo equipamento etc...?
Até que veio a gota d’água.
Minha filha ficou doente e quando cheguei com ela no hospital e precisava de internação, surpresaaaa, seu plano estava cancelado, as empresas não esperam mais 1 dia. Nos olhávamos desolados.
O que eu dizia? Nada!
Não entendia aquela fórmula matemática de trabalhar tanto, estar sempre sorrindo e cedendo ao cliente sem ser valorizada.
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Jamais vou esquecer o gosto das lágrimas, a dor na garganta e o sentimento de ser uma farsa para minha família. Ter um filho e não poder dar a ele o meu melhor, ou o mais próximo disso possível.
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Como eu poderia vender o melhor para os meus clientes se a minha vida pessoal, estava do lado avesso?

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Eu lembro do nosso choro e de pensar: “A vida é isso? Acordar, correr atrás, tentar fazer o melhor, ser honesto… para isso? Para nunca conseguir decolar?”
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Eu sentia que a estava perdendo meu casamento, mas, não estava disposta a lutar por ele, ou superar os problemas, achava que talvez um novo marido me salvasse, estava perdendo confiança em mim e depositando em outra pessoa que podia ser um acerto ou outro erro. Apostar na separação era mais fácil.
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E sabe de quem era a responsabilidade?
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Minha.
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Eu estava tão envolvida no dia a dia com meu negócio, tentando vender o nosso melhor para os clientes, que eu esqueci de que meu companheiro tinha que estar na mesma canoa que eu.
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De nada adianta eu passar o dia todo fora de casa trabalhando, matando um leão a cada dia, se os sonhos não forem um projeto de dois, três, quatro ou seja... da sua família.
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Com o passar dos anos, errei nessa aposta várias vezes. E aprendi uma das lições mais importantes da minha vida: as pessoas próximas de você precisam comprar sua ideia, PRECISAM saber o que é importante pra você.

Ou elas trocam de ideia (e começam a apoiar você) ou você troca de pessoas. Não tem como decolar com esse peso nas costas.
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Então, eu comecei a envolver minha família em meus projetos. Explicava para ela o contexto de tudo e a ouvia na hora de tomar decisões. Deixava com que ela ajudasse a controlar a rota do nosso navio.
Quanto custa, qual o risco, qual o preço vamos pagar se der errado. Meu cliente é importante para todos nós e não só pra mim.

Mudei de ramo, percebi uma falha no mercado editorial, e a gente se fortalece na falha de alguém e assim comecei a Literarte.
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As coisas melhoraram. Aprendemos que se prestássemos um serviço diferenciado para clientes melhores, que valorizavam seus nomes e currículos, que mesmo sem tempo ou saúde para viajarem eles podiam estar comigo em todos os lugares e teriam comprovadamente seus trabalho divulgados com profissionalismo, envolvidos com as atualizações do mercado tecnológico e digital , nosso barco pegou o rumo certo.
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De lá pra cá, as coisas mudaram muito. Hoje, vejo que não são as separações que mudam nossas vidas, você se separa de um problema e cai em outro. São as superações que pegam o leme com firmeza. Hoje, tenho clientes em vários países, trabalho com artistas que viajam, enfrentam as maratonas de feiras e aeroportos, investem em marketing, programas de TV, desenhos animados, palestras e já ajudamos mais de 10.000 escritores a publicarem e realizarem sonhos.
Sempre que alguém me diz que “Para você as coisas são fáceis! No meu caso é diferente!” eu lembro da luz cortada e da minha filha saindo de um hospital 5 estrelas de ambulância para ficar internada em um hospital público, que a salvou e atendeu, diga-se de passagem, mas, a lembrança da dor ainda é mais forte. ?
As pessoas veem os sorrisos que você dá, mas quase nunca sabem das lágrimas que você derramou. Acham sempre que seu trabalho é caro e muitas das vezes não tem noção do peso da sua enxada.
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As coisas nunca são fáceis. Mas são mais possíveis quando você envolve as pessoas certas, como seu cônjuge, sua família e seus melhores amigos no processo.
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Com o apoio emocional deles, você vence qualquer Golias. Não importa o quão Davi você se sinta.
Tu pega a pedra e manda.
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Com o apoio das pessoas certas, o céu é o limite.
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Agradeço a minha família todo dia, por acreditar em mim.
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PS: Aproveite e não deixe de falar àquela pessoa o quão importante ela é na sua vida expresse seu amor, admiração e gratidão pelo apoio de todos que em algum momento lhe ajudaram. Conte para ela que, com ela do seu lado, o sabor da conquista é muito mais doce.
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Vencer só importa quando do alto do pódio temos olhares para encontrarmos.

Copyright © 2019 Izabelle Valadares