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Os Três amores da vida do Imperador Dom Pedro II

Olá Curiosos,
Viver um ou vários amores é um privilégio na vida de todos. Sejam Monarcas ou Plebeus.
Há amores correspondidos, amores avassaladores, fatais, passionais, platônicos, fraternos, maternais, ou seja, pode-se amar de diversas formas e ao mesmo tempo. Vimos o escandaloso caso de Dom Pedro I e Domitila de Canto e Melo, a Marquesa de Santos, assim como o perigoso de Júlio César e Cleópatra; vimos outros amores pela história, mas vou citar só esses, pois o assunto desse texto são os amores do Filho do Dom Pedro I, o nosso Pedrinho II. Pois bem, Pedrinho pouco se assemelhava ao Pai, nem fisicamente. Pedro pai tinha 1.63m e Pedrinho tinha 1.90m, só para terem uma noção. Apesar de ser tão temperamental quanto papi, era tímido, focado nos estudos, romântico, mas discreto, ao contrário do pai que se jogava pra vida (Parecia prever que sua passagem pela terra seria muito curta). Pedrinho era cauteloso e perspicaz com sua imagem. Na certa já devia ter ouvido muito o babado da morte da mãe, que sofreu por conta da traição do pai, que acabou com a imagem do mesmo por conta do relacionamento com Domitila etc e tal. Só sei que Pedrinho além de cauteloso era muito discreto.
Mas vamos falar de três amores que Pedrinho teve em vida. Vamos falar de amores e não de casos. Como o pai, Pedrinho teve alguns casos, não tantos quanto o pai e nem teve filhos fora do casamento, estimasse que papi teve uns vinte filhos fora dos casamentos oficiais, e Pedrinho teve seus lances, mas esses casos eram discretíssimos e só revelados nas entrelinhas de seus diários. Aliás, Pedrinho era muito esquivo em relação ao que ele deixaria para a história, tanto que volta e meia ele queimava um diariozinho, devia pensar: "Ihhh esse podre melhor não contar no futuro, é muito cabeludo". Só sei que estudar Pedrinho acaba sendo uma construção complicada para qualquer Historiador, justamente pela construção de imagem feita por ele mesmo.
Ele sabia quem era, e o que seria a vida dele para o nosso país. Era dono de uma caligrafia linda e muito organizado. E como todo Sagitariano, odiava gente baixo astral, apesar de ser tímido, gostava de gente alegre, tagarela, cheia de vida, lógico que ele iria me amar naquele tempo, mas eu não estava lá ??????????, então se perdeu com outros amores.
Mas vamos falar do seu primeiro amor: Dona Amélia.
Como assim gente? Ele teve um caso com a madrasta? Nananinanãooo.
O que rolou entre Pedrinho e Amélia foi primeiramente um complexo de Édipo, que após a maturidade abriu espaço para um amor maternal verdadeiro.
A Imperatriz Leo faleceu quando Pedrinho tinha um ano de idade e Amélia casou-se com o Pai dele dois anos depois, cuidando de Pedrinho como se fosse seu filho, até os cinco anos, quando Dom Pedro I, abdicou do trono e foram embora do Brasil. Pedrinho não se lembrava da mãe, mas a memória da madrasta era presente em sua vida, e a troca de correspondências era intensa. Ele escrevia à madrasta na Europa com frequência e mantinha um vínculo profundo de amizade com ela. Sentia sua ausência e sempre mencionava-a como " aquela a que tudo posso confiar", então essas cartas, serviram para definir seu casamento sob o aconselhamento de Amélia, a criação das filhas, suas viagens etc... A amizade nutrida através dos anos era tão forte que quando foi a Lisboa pela primeira vez por volta de 1870/1871, a primeira pessoa a quem foi visitar foi Dona Amélia.
Então este foi seu primeiro amor: O amor maternal.
Segundo amor: Teresa Cristina.
Teresa Cristina foi um daqueles casos de "Decepção à primeira vista", estavamos em 1843, não haviam fotos espalhadas pelo Tinder ainda, então, pegaram uma imagem pintada melhorada, tipo um Photoshop Imperial e Pá...mandaram pra Pedrinho. Ele caiu! Gostou da mina, aí vem a decepção.
Ele já estava doido pra se casar, e sonhava ter uma esposa pra dormir de conchinha, linda, para acariciar os cabelos pela manhã, chamar de Diva, enfim...Quem nunca?
Chega o barco no Cais, Pedrinho morava em São Cristóvão, pertinho do Cais do Valongo, que aliás, havia sido revitalizado para receber a Princesa da Sicília e Imperatriz do Brasil, Teresa Cristina; isso mudou a paisagem do Rio de Janeiro, afinal o Centro seria palco do casamento do Imperador. Então construíram o Cais da Imperatriz, sobre o Cais do Valongo para tirar a imagem imposta e negativa do tráfico de escravos dali. Valongo era o Cais da chegada dos Escravizados e só foi descoberto há poucos anos, então cobriram tudo pra ficar "bonito" pra Imperatriz chegar e virou o Cais da Imperatriz. Voltando, Dom Pedro II estava ansioso com a chegada da Princesa da Sicília. As Italianas tinham fama de bonitas e pela imagem enviada essa não seria diferente. Quando descem a prancha ele corre ovacionado pelo povo, que estava esperando que ele fosse descer com a Imperatriz no colo, ou fazer aquela cena de Titanic que todo mundo faz quando está com alguém que gosta em um barco, pois bem, ele vê a mina, dá um "boa noite" e volta correndo pra chorar com sua Aia, que havia sido enganado que a mina era feia e manca.
Na verdade ela não era tão feia e nem tão manca, ela só tinha as pernas muito arqueadas, devem ter forçado ela a andar cedo (Como diria minha avó), e ela "remava" pra um lado e para o outro. Problema agravado depois com o avançar da idade. Mas, naquele tempo era uma remadinha de nada.
Teresa era uma mulher tímida e discreta como o marido, mas nas rodas sociais não se destacava muito, justamente por esse motivo. Era uma Imperatriz culta e gostava muito de artes, poesia e óperas, frequentava saraus e tornou-se muito amiga do marido, só que essa personalidade tímida deixou-a um pouco à sombra. Também não era uma mulher vaidosa, era muito religiosa e caridosa. A religião e os preconceitos que tinha herdado na educação conservadora a detinham um pouco, mas certamente foi uma mulher interessante. Educou muito bem as filhas, as Princesas Leopoldina e Isabel e deixou um vasto acervo de livros e arte no Museu de Petrópolis, além de dez diários.
Sua doçura era seu encanto, acho que a Princesa Isabel herdou isso da mãe, pois todos diziam que era muito doce e amável. Ficou conhecida como "A mãe dos brasileiros", pois cuidava de muitas pessoas e ajudava muita gente.
Ela teve quatro filhos com Pedrinho, sendo que os dois meninos faleceram e devido a tristeza de ambos, primeiramente com a morte dos filhos, pela documentação, estes dois tinham uma relação de conversas entre si e decisões tomadas em comum acordo. Pedrinho herdou o temperamento forte do pai, mas era uma pessoa que pelo menos sabia ouvir e era companheiro, um super avô, amava os netos e tinha uma relação próxima, não era aquela coisa criança sem voz que vimos em tantas monarquias. Voltando ao amor, após a morte dos filhos e como era um casamento de contrato, para ocupação do Trono, decidiram que não iriam mais tentar e nomearam Isabel a Regente,e decidiram não dividir mais a mesma cama.
Então pararam de ter relações sexuais, mas seguiram em uma relação de amizade até o fim dos seus dias. Ela era três anos mais velha que ele, aliás a maioria das mulheres com quem ele se relacionou eram mais velhas, talvez a ausência da mãe fizesse ele ter esse tipo de atração ou devido ao seu próprio amadurecimento precoce, as mulheres mais velhas o atraíam mais, suas "discretas" puladinhas de cerca eram com amantes mais velhas e uma inclusive, era mulher de seu amigo de infância.
Ele e Teresa viveram juntos quarenta e seis anos. Ela infartou de repente e quando foram exilados e chegaram em Portugal e ficaram morando no Grande Hotel do Porto. Eu já me hospedei nesse hotel que tem nas paredes fotos e alguns bilhetes da Família, aliás tem de diversas pessoas até do Rei Roberto Carlos; um dia poderá ter o da Rainha Louca, quem sabe? ???????? Já vou deixar a foto aqui pra vocês. Hahaha. A minha Rainha mãe ficou inclusive no quarto deles e a gente nem sabia??????
Então, seu segundo amor foi construído com laços de amizade e "respeito", pois apesar de trair, ele não expunha a esposa ao ridículo, como fez o pai.

Então este foi seu segundo amor : O amor fraterno-matrimonial.??????

O terceiro amor : A Condessa de Barral
Aí começou a treta boaaa!
A Condessa de Barral, chamava-se Luisa Margarida. Era de personalidade alegre e festiva, uma mulher inteligente, culta, que não ficava na sombra de ninguém. Era nove anos mais velha que Pedrinho e fora criada na França e educada lá. Tinha todo um refinamento, havia sido Aia na Corte Francesa e veio para o Brasil ser Aia de quem???? Das filhas do Imperador. O relacionamento deles durou o tempo em que viveram, entre idas e vindas. Acabando somente com sua morte.
Luiza praticamente morava no Palácio, uma vez que a rotina de estudos das meninas ia das 9h da manhã às 20h e ela era a responsável.
O clima entre eles era quente e entre olhares e roçadas no braço se desenrolava a paixão.
Ela chegou a alugar um chalé em Petrópolis para se encontrarem.
Ela voltou à França quando as Princesas se casaram, pois como Aia não tinha mais o que fazer aqui, e mantê-la na Corte iria dar muito na pinta o relacionamento pessoal.Teresa comemorou e escreveu em seu diário, as últimas quatro horas sem a presença da condessa foram as mais felizes dos últimos anos. Logo...apesar de não transar com o marido ela gostava dele.
Então a Condessa voltou à França com o marido, mas Pedrinho garantiu a ela uma pensão vitalícia. Se reencontraram quando Pedrinho foi a França e a Condessa acompanhou ele e Teresa até o túmulo onde estava enterrada Leopoldina (filha que morreu na França com vinte e quatro anos de febre tifóide), e a condessa levou um susto com o envelhecimento precoce do casal. Pedrinho já de barbas brancas e segundo seus diários a Imperatriz estava irreconhecível e horrível (Perderam a filha e já deviam estar sob pressão da abolição).
Ele morreu em 1891, três anos após ser exilado, e ela morreu no mesmo ano, em janeiro, e ele em dezembro. A Teresa infartou no ano seguinte ao Exílio 1889 e deve ter sido por conta do Exílio, pois ela, a Teresa, saiu do Brasil sob muitas lágrimas, assim como Pedrinho e toda família . Dizem que ela perguntou ao marido, "Por que estão nos tratando como criminosos? " Golpe minha filha, golpe.
Enfim, voltando a Condessa... Ela era uma mulher espirituosa, o pai havia feito um acordo de casamento pra ela no Brasil com um amigo, como ela perdeu a mãe cedo, aliou-se ao Pai e conversava muito com ele sobre os direitos das mulheres e brigava por isso. Quando chegou a época de cumprir o acordo ela disse que não iria se casar com um homem com o dobro da idade dela. E não casou mesmo. Aí entra em cena o marido bonitão, Eugênio que era o Conde de Barral, bonito, nobre, mas não tinha um "pau pra dar no gato", ou seja, duro.
Mas, ela quis assim mesmo. Só que tinha que continuar trabalhando e dando duro.
Então ela já era uma mulher revolucionária e Pedrinho ficou de quatro quando a conheceu. Em seu diário ele escreve "Luiza é ainda mais maravilhosa pessoalmente, que as notícias que chegaram da França"
Eles não deixaram muitas anotações sobre a relação pessoal dos dois, mas quando Luiza partiu se comprometeu com ele de trocarem diários pela mala diplomática para que um soubesse os passos do outro, mesmo longe dos olhos estavam dentro do coração um do outro.
Terceiro amor: O verdadeiro.

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