No começo tudo é pele, filamentos, desejo. Tudo solar, quente e iluminado é veraneio.
Fugaz e elétrico, indefinido e incontável.
Raio, distancia percorrida, é manga-larga na colina em disparada E somos até acrobatas. Mas, humanos audaciosos precisam ir mais longe, desfrutar, arriscar, sentir, ceder, explorar ser explorado, mapeado, traçado. Depois vem a calmaria, beijo terno, mas, que arrepia. Velas escolhidas coloridas, chá de camomila, olhares que se olham menos, mas, se respondem. É tempo de florir, sentir o cheiro da chuva na terra da estrada, sentir nos dedos o estalar do pão quente, ver a manteiga derretendo de vontade, buscar em meio às cobertas o outro pé que não é seu, mas, lhe faz falta.
E o azul vira cinza, como por encanto. E há tantos nuances no cinza. E a brisa fresca anuncia novos tempos. Os descendentes Riem soltos embalados pela música que já não é a atual, mas é nossa, que nos leva a memória de tempos felizes trancados a 7 chaves no coração. Tempo Fresco, cheiro de canela, mato molhado de manhã. Planos que seguem na mesma estrada. Beijos mais frios, café mais quente. Garoa que cai com a neblina, calmaria.
Sorrisos sinceros, pequenas missões, grandes compromissos. E o frio passa, as folhas voltam as árvores, os que hibernam despertam. E o tempo implacável, ah ,esse não pára.
Bola de gude e amarelinha, encravados na alma. Medo de matar a abelha-rainha.
Ficam ali guardadas pra sempre.
Sorriso bobo, brisa fresca, já temos lembranças e histórias pra contar, gostos e manias. Futuro incerto, roupa nova misturada com roupa velha. O frio no estômago da paixão, ja virou prece, amor eterno. Respeito, cumplicidade, fotos pela casa, tira-gosto com vinho seco. Disparada.
E o tempo? Ah esse não pára. Amadurece, cria rugas na estrada, despigmenta os cabelos, vira vincos na cara. Papel amarelo e caneta ultrapassada, sabedoria de tempo, ampulheta disparada.
As sombras dos descendentes cresce, a nossa encolhe. O horizonte é escarlate ou seria azul?
Já não importa, o horizonte em nós, já faz parte.
Mas o vento ainda faz curva e ás vezes vira roda-moinho em dias quentes de verão, vira pipa voada e língua afiada. Olhos calmos, marejam á toa, cheiro de leite quente e outras misturas. Abraços longos, mãos dadas e a certeza que o tempo chega, a chuva passa, as folhas caem ,a estrada passa, o sol passa, o tempo e até a uva passa.Mas o que estava no início , a pedra fundamental, continua lá. O desejo irretocado de estar pra sempre juntos e na mesma estrada.